Alunos e professores do curso de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão unidos com o intuito de melhorar a metodologia de ensino, a grade curricular e a interação entre as pessoas. Esse objetivo foi o que motivou o nascimento da Liga de Cocriação, projeto idealizado pela professora Camila Camargo, que busca melhorias por meio da ferramenta de Design Thinking.
O objetivo principal é deixar o curso de Administração mais adequado ao mercado e voltado para a prática, tornando-o mais interessante para os alunos e para o próprio mercado. “Nesse projeto desenvolvemos uma nova grade curricular, mais flexível, com aprendizagem baseada em problemas (Problem Based Learning – PBL) e com linhas de formação de acordo com o perfil dos alunos que buscam mercado, empreendedorismo e área acadêmica”, explica Camila.
Com início em 2018, os primeiros semestres do projeto foram dedicados à imersão nos problemas existentes. A partir de entrevistas com docentes e estudantes e observações de aulas, a Liga levantou que os pontos críticos estão relacionados à metodologia das aulas, ao comportamento dos alunos em sala de aula e ao relacionamento entre professores e alunos.
A partir da identificação desses fatores, o grupo realizou uma análise síntese, compilando todos os dados e transformando-os em cartões de insight com ideias centrais. Os cartões são ferramenta da metodologia Design Thinking, que tem como pressuposto a empatia. Nesse contexto, para resolver um problema, é necessário colocar-se no lugar do outro.
“Fizemos, então, 15 rodadas de ideação: reuniões com professores e alunos com o objetivo de gerar ideias para solucionar os problemas encontrados. No final do ano criamos um rol de projetos que seriam prioridade”, conta a coordenadora. Os resultados estão sendo aplicados aos poucos, conforme possibilidade do curso e adesão dos professores. Esse projeto principal, de alteração do projeto pedagógico e das técnicas de ensino aprendizagem no curso, foi desmembrado em ações menores que estão sendo tocadas ao longo desse semestre.
Uma das iniciativas é a Liga Connection, um curso destinado aos calouros sobre o funcionamento da universidade. O papel dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem, as metodologias de aula, o que cada um deve buscar fazer para aprender melhor e meios de colaborar com as aulas são algumas das temáticas abordadas nesse curso ministrado por Camila.
Outra atividade desafia professores e alunos a testarem em sala de aula as boas práticas levantadas pela Liga na fase de imersão. “A ideia é que os docentes apliquem essas sugestões em classe para que o impacto sobre o desempenho da turma, o engajamento dos alunos e a qualidade das aulas sejam avaliados posteriormente. Os alunos também devem se adequar às boas práticas atentando para atitudes colaborativas ou inadequadas”, detalha a idealizadora.
As campanhas “Feedback Positivo” e “Você conhece o seu professor? Você conhece o seu aluno?” também atuam no sentindo de melhorar a convivência. A primeira estimula que as pessoas elogiem aquilo que consideram bom e a segunda tenta criar uma identificação para aproximar, a partir de histórias de vida, diferentes atores.
Uma rede de contatos com ex-alunos do curso é o objetivo do subprojeto Alumni, que busca suporte para criação futura de um grande Centro de Integração entre escola e empresas. “Esses ex- alunos nos apoiarão com palestras, abrindo as portas de suas empresas para visitas técnicas e para disciplinas externas, bem como consultorias”, afirma Camila.
Ela sinaliza que o Mapeamento de Práticas Existentes pretende subsidiar a implantação de um Centro de Cocriação de Material que contemple um banco de boas ideias compartilhado entre os professores. “Uma opção é apresentar vídeos de professores considerados com boa prática e que conseguem engajar melhor os estudantes como fonte de inspiração para os colegas. Além disso, o Centro terá bancos de cases, de questões e de provas. Tudo isso envolvendo a produção em conjunto com alunos”. A intenção também é utilizar esse Centro de Cocriação como facilitador e organizador de visitas técnicas a empresas.
Como destaca Camila, alguns projetos da Liga já saíram do papel e estão sendo desenvolvidos, outros estão a caminho. “Estamos conseguindo mais impacto na transformação no curso do que havíamos imaginado ser possível no início. Queremos mostrar que os problemas de estudantes e professores são os mesmos e basta nos unirmos para conseguir resolver juntos”, finaliza.
Data de publicação: 29 de maio de 2019